Crianças
lideram campanha contra mosquito do zika em Tracuateua (PA)
Tracuateua é um dos municípios da
Amazônia que participam do Selo UNICEF Município Aprovado, uma iniciativa para
melhorar as condições de vida das crianças e dos adolescentes no Semiárido e na
Amazônia Legal Brasileira.
O município de Tracuateua, no
nordeste do Pará, tinha um grande desafio: proteger a população do mosquito
Aedes aegypti. Dos 30 mil moradores, 70% vivem em pequenas comunidades rurais —
locais afastados e sem coleta de lixo.
Sem o serviço e com pouca
informação, os moradores acabam optando por soluções perigosas. No verão, as
famílias reúnem o lixo e queimam. No inverno, época de chuva, enterram os sacos
em casa ou descartam em terrenos abandonados. O lixo a céu aberto é o cenário
perfeito para a proliferação de doenças.
Enquanto a prefeitura tenta
solucionar a questão da coleta, escolas e postos de saúde decidiram se unir em
uma ação de conscientização. A proposta consistia em levar o problema para
dentro das escolas, discutir com os alunos e usá-los como agentes de
transformação.
“O projeto surgiu da necessidade
da comunidade”, conta Maria Dias, diretora da EMEF Francisco Nascimento, na
comunidade de Santa Maria. Tanto os alunos da educação infantil como do ensino
fundamental participaram da iniciativa. As crianças aprenderam sobre o mosquito
em sala de aula e receberam visitas de agentes de saúde, o que permitiu tirar
dúvidas e saber como se proteger. As informações foram detalhadas em cartazes
espalhados pela comunidade e usados para convocar mutirões.
Yasmin Mandu Almeida, aluna do 7º
ano, participou de uma das ações. A adolescente se sensibilizou com o tema e
reuniu colegas para ir às ruas. “No trabalho de campo, encontramos um terreno
abandonado. Lá dentro, havia um vaso sanitário cheio d’água. Tínhamos aprendido
que esse era um ambiente propício ao ciclo de vida do Aedes: a fêmea põe os
ovos, que viram larvas, se tornam pupa e, dali, surge o mosquito adulto, que
pode picar e transmitir doenças”.
Os alunos tiraram fotos e
acionaram a unidade de saúde, que fez uma limpeza no local. O mutirão
continuou, e as crianças entrevistaram quem passava na rua. “Descobrimos que
várias pessoas não sabiam muito sobre o Aedes. Os donos de gado, por exemplo,
colocam uma garrafa PET na ponta das estacas dos currais para que não
apodreçam. Eles não tinham visto que acumulavam água e podiam ser criadouros de
mosquitos”, disse Yasmin.
O trajeto do grupo de alunos
terminou na casa de José Maria Ribeiro, de 84 anos, morador mais antigo da
comunidade. Ele e a esposa, Joana, ouviram atentamente as orientações. “Nossos
filhos estudaram na escola da comunidade e hoje já terminaram a universidade. É
muito bom ver que estamos formando uma geração de cidadãos conscientes”, disse
José.
Ao final da ação, foi possível
perceber uma maior conscientização da comunidade para o combate ao mosquito e
uma aproximação importante entre as áreas de educação e saúde. “As escolas
passaram a tratar a saúde como um tema transversal e multidisciplinar, fazendo
com que assuntos como o combate ao mosquito se tornassem parte obrigatória de
todos os projetos educacionais”, declarou Márcia Jorge, articuladora do Selo
UNICEF em Tracuateua.
Com o tema presente em todas as
escolas, o controle do vetor foi intensificado e as reivindicações em relação à
coleta de lixo entraram na agenda municipal. Tracuateua é um dos municípios da
Amazônia que participam do Selo UNICEF Município Aprovado, uma iniciativa para
melhorar as condições de vida das crianças e dos adolescentes no Semiárido e na
Amazônia Legal Brasileira.
O Fundo das Nações Unidas para a
Infância (UNICEF) aplica uma metodologia que ajuda governos a assegurar e
proporcionar acesso aos direitos da criança. Em fevereiro de 2016, a agência da
ONU desafiou os municípios a ganharem um “ponto extra” no selo a partir de
atividades focadas no combate à proliferação do Aedes aegypti.
Fonte:
Nações Unidas
Registrado
em: Geral
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