Governo prorroga por um ano Operação Acolhida a venezuelanos
Ação envolve abrigo e interiorização de imigrantes
Publicado em 18/01/2019 - 07:11
Por Victor Ribeiro* - Enviado Especial Boa Vista
A
Operação Acolhida, que recebe e promove a interiorização de imigrantes e refugiados
venezuelanos, será prorrogada até março de 2020, sem possibilidade
de fechamento da fronteira com a Venezuela. A decisão foi anunciada pelo
ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e o governador de Roraima,
Antonio Denarium (PSL). Eles e mais quatro ministros visitaram as instalações
usadas pela operação em Boa Vista. Hoje (18), o grupo seguirá até a
região fronteiriça.
O anúncio
foi feito ontem (17), durante entrevista coletiva em Boa Vista,
capital de Roraima. Nesta sexta-feira (18), Denarium, Azevedo
e Silva, e os ministros da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, Educação,
Ricardo Vélez, Cidadania, Osmar Terra, e Controladoria-Geral da União, Wagner
Rosário, irão até a fronteira do Brasil com a Venezuela.
As
autoridades vão verificar as instalações destinadas à Operação Acolhida no
município de Pacaraima. O
município é considerado a principal porta de entrada dos imigrantes que vêm da
Venezuela. Foi ali que, em agosto do ano passado, um grupo de venezuelanos foi
atacado e incendiado na rua.
Azevedo e
Silva descartou a possibilidade de interromper o processo, previsto para
terminar em 31 de março, ressaltando que a definição dos recursos será
feita. Sem detalhar, ele destacou que há aspectos que serão aperfeiçoados. “Nós
temos uma previsão [de despesas] que é finita. Tem que ver essa parte
orçamentária para prosseguir”.
Ação
Lançada
pelo governo federal no início de março de 2018, no esforço de combater a
crise humanitária provocada pela onda migratória venezuelana, a Operação
Acolhida é coordenada pela Força-Tarefa Logística Humanitária, uma iniciativa
que reúne vários ministérios e órgãos federais, estadual e municipais.
As ações
de apoio aos venezuelanos que chegam ao Brasil, fugindo da crise econômica e da
instabilidade política no país vizinho, incluem o fornecimento de refeições,
abrigo e cuidados médicos, a regularização da situação dos imigrantes que
manifestem o desejo de permanecer no Brasil e a redistribuição das famílias
para outras regiões.
A
Operação Acolhida envolve aproximadamente 600 militares da Aeronáutica, do
Exército e da Marinha. As ações são responsáveis também pelos postos de
atendimento e abrigos destinados aos venezuelanos.
Energia
Durante a
entrevista, os ministros e o governador ressaltaram a preocupação com a
dependência energética do estado em relação à Venezuela, que abastece a região:
metade da eletricidade consumida em Roraima vem do país vizinho. O restante é
produzido por usinas termelétricas e custa cinco vezes mais que a hidrelética.
Segundo o
governador, uma solução é a retomada da construção da linha de transmissão de
sai da usina de Tucuruí, no Amazonas, até Boa Vista. São 700 quilômetros de
obras, abandonadas desde 2011 e que, quando forem retomadas, devem demorar três
anos para serem concluídas.
O
governador Antonio Denarium avaliou que, além de garantir a autonomia
energética, a construção do chamado Linhão de Tucuruí poderia impulsionar a
indústria local e gerar empregos.
“Vamos ter a
condição de atrair novos investidores e, ao mesmo tempo, dar segurança
energética ao estado. Com o Linhão de Tucuruí, teremos condições de atrair a
indústria para Roraima, aumentando a produção de alimentos, a agroindústria e o
beneficiamento de diversos produtos.”
Imigração
Na região
do Linhão do Tucuruí entram cerca de 500 a 600 venezuelanos por dia em busca de
abrigo e oportunidades no Brasil. Menos de 5% deles ficam em Roraima.
De acordo
com os dados oficiais, a maioria dos imigrantes que ingressa no território
brasileiro busca seguir para outros estados e países. A Colômbia é o local mais
procurado por eles nas Américas.
Desde
2017, 180 mil venezuelanos migraram passando por Pacaraima. Segundo os
levantamentos mais recentes, desse total 5,8 mil estão em Roraima e 4,2 mil
foram levados para mais 15 estados, por meio da interiorização.
*Victor
Ribeiro é repórter da Rádio Nacional
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