Projeto
aumenta renda de mulheres negras de comunidades do Rio.
Agencia Brasil
Publicado
há 1 dia - em 11 de outubro de 2015 » Atualizado às 9:38
Categoria » Mercado de Trabalho - Portal Geledes
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Elas costuram, cozinham, dão oficinas e participam
de eventos onde vendem seus produtos, ensinam a amarrar turbantes e falam sobre
identidade cultural. Essas são algumas das atividades do projeto Nêga Rosa, desenvolvido
em sete territórios do Rio de Janeiro e que atende diretamente a 240 mulheres
nas comunidades da Mangueira, Barreira do Vasco, Chatuba de Mesquita, Arará,
Jacarezinho, Manguinhos e Tuiuti.
Por Akemi
Nitahara Do Agencia Brasil
De acordo com a coordenadora do projeto, Érica
Portilho, trabalhando o empoderamento feminino por meio do empreendedorismo e
da valorização da identidade, mulheres negras em situação de vulnerabilidade
social, ex-presas, mães solteiras e portadoras de necessidades especiais
conseguiram passar de uma renda mensal per capita de R$ 450 para R$
1.500.
Para participar do projeto, as interessadas têm de
preencher uma ficha. “A partir disso nós fazemos uma seleção. As outras ficam
em um banco de espera. Mas, como nós temos várias atividades abertas, elas
também acabam participando e, se houver alguma desistência, elas vão sendo
encaixadas e a gente vai conseguindo parcerias em outros territórios”, destaca
a coordenadora.
Érica
Portilho conta que as participantes do projeto atuam como multiplicadoras do
que aprendemTomaz Silva/Agência Brasil
Érica explica que a ideia é disseminar o máximo
possível o conhecimento passado pelo projeto, que já recebeu prêmio da Fundação
Banco do Brasil, do Favela Criativa. “Se a gente conseguiu desenvolver uma
tecnologia social que foi reconhecida por uma fundação tão importante, a gente
acha que ela deve ser disseminada. A gente vai ao território, faz uma prática
de uma semana, 20 horas, e aí aquelas mulheres estão prontas para ensinar e
multiplicar para outras mulheres.”
Andrea Soares costura, promove oficina de turbante
e também participa da coordenação do Nêga Rosa. Para ela, um dos pontos mais
importantes do projeto é o resgate da autoestima da mulher negra da comunidade.
“Fazer o resgate da sua cidadania, porque hoje a gente tem dentro da escola o
programa do estudo da cultura de uma outra etnia, mas isso não é contemplado,
então com isso as crianças da comunidade ficam sem identificação. Então a ideia
é trazer essa identificação para as mais velhas para que elas também possam
replicar com os seus filhos.”
Vanice
Carrera viu no projeto uma oportunidade de fazer compotas para venderTomaz Silva/Agência
Brasil
Uma das participantes do projeto, Vanice Carrera,
que costura e cozinha, conta que o Nêga Rosa deu força e motivação para ajudar
a superar o câncer que enfrenta há mais de dois anos. “Eu tive um problema de
saúde e fiquei muito parada. E isso para mim caiu como uma luva, eu não consigo
ficar parada, tem um caldo pra fazer, tem uma compota, um doce para entregar,
umas costuras. Para mim tá sendo muito bom, passar para as outras pessoas o que
eu aprendi. Estou levando, faço quimioterapia. Isso aqui é o que está me
mantendo, é muito bom não parar, [é bom] saber que, mesmo com problema, você
continua com forças, está sendo útil, produzindo.”
Érica ressalta que os espaços de trabalho montados
pelo projeto, com cozinha e máquinas de costura, também podem ser utilizados
pelas mulheres para produzir e fornecer para clientes independentemente do Nêga
Rosa. Na Mangueira, por exemplo, onde o trabalho começou há um ano, são feitas
faixas de cabelo e chapéus para a loja de souvenir da escola de samba da
comunidade.
Segundo a coordenadora, o projeto também está em
busca de parcerias na área de comércio eletrônico e em novembro começa a
trabalhar com meninas de 12 a 18 anos que cumprem medida socioeducativa no
Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase). No dia 31 de outubro, o
projeto Nêga Rosa vai ser anfitrião de uma feira na Universidade do Estado do
Rio de Janeiro (Uerj) durante a Conferência de Juventude, na qual estarão
presentes 30 empreendedores do estado do Rio de Janeiro.
Outro trabalho está sendo feito para o Comitê
Olímpico Rio 2016. O Nêga Rosa venceu um edital de estamparia e vai fornecer 5
mil almofadas para o alojamento dos atletas. “Foram quatro projetos vencedores.
A nossa estampa é uma samambaia do mangue, uma planta da flora brasileira.
Atrás da almofada, vem contando a história do projeto, em português e inglês e
vai ser uma almofada para os atletas levarem para o mundo inteiro”, destaca Érica.
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