‘Sex and the City africana’ retrata lado glamouroso do continente
Personagens são
jovens bem-sucedidas criadas no exterior que voltam para trabalhar em Gana
A câmera passeia por um sofisticado
restaurante, no qual um grupo de amigas bonitas e bem vestidas bebem coquetéis
e conversam sobre namorados e sexo. A cena parece tirada do famoso seriado Sex and the City,
não é? Mas essas mulheres, na verdade, brincam sobre a dificuldade de encontrar
vibradores na África.
Por Yepoka Yeebo, do BBC
A série An African City conta,
com glamour, a vida de NanaYaa (vivida pela atriz MaameYaa Boafo), uma
jornalista ganense recém-chegada de Nova York, e suas quatro melhores amigas.
A polêmica combinação de sexo, luxo e
duras verdades sobre a vida na África já está chamando a atenção em todo o
mundo.
“É a história de cinco africanas
criadas no exterior que voltam para o continente em busca de romance”, conta
Nicole Amarteifio, criadora da série, disponível no YouTube.
“Um dia estava assistindo a uma reprise
de Sex and the City e fiquei pensando como seria ter uma
versão africana daquilo.”
Retrato de uma África emergente
Amarteifio, que nasceu em Gana e
cresceu nos Estados Unidos, revela ter tido de pesquisar muito para conseguir
escrever sobre pessoas que ela normalmente não vê na TV. Pessoas como ela:
mulheres africanas jovens, com alto grau de instrução e que têm duas ou três
nacionalidades.
As outras personagens do programa são
Sade, recém-formada em administração em Harvard; Ngozi, uma assistente
humanitária; Makena, advogada educada em Oxford; e a empresária Zainab. Elas
fazem parte de um grupo conhecido como “retornados”, que voltou para a capital
de Gana, Acra, depois de ter crescido no exterior.
A estrela da série é a atriz MaameYaa
Boafo, filha de ganenses que vive em Nova York
Os episódios abordam alguns dos
aspectos frustrantes de se viver em uma cidade de um país em desenvolvimento:
as ruas são esburacadas, há constantes blecautes e as redes de telefonia
celular vivem caindo.
Mas também falam de assuntos mais
espinhosos: Makena é assediada durante uma entrevista de emprego, enquanto
NanaYaa faz uma incursão pelo inflacionado mercado imobiliário de Acra e começa
a pensar na hipótese de seu namorado, um homem mais velho, comprar para ela um
apartamento, como fez o “sugar daddy” de Sade.
“Se há um grande acerto neste programa
é o fato de mostrar mulheres exercendo sua sexualidade e seu desejo de serem mais
poderosas sexualmente”, afirma Rita Nketiah, que está defendendo uma tese de
doutorado sobre migração de retorno na Universidade York, em Toronto, no
Canadá.
Na mira de redes de TV
Mas o seriado também é fortemente
criticado por se concentrar em mulheres ricas, enquanto as ganenses comuns
enfrentam desafios mais básicos. O programa se passa em apartamentos caros,
bares da moda e restaurantes sofisticados – lugares que a maioria da população
de Acra não pode pagar.
“Apesar de a série só mostrar um lado
de Gana, as personagens são bem reais”, diz Nketiah. “Eu acho que elas são
frescas e metidas, mas é uma frescura que existe de verdade. Conheço pessoas
que fazem e falam aquelas coisas e que estão profundamente inseridas no sistema
de classes do país.”
Amarteifio, criadora do programa,
defende sua escolha por profissionais bem-sucedidas. “Estamos tão acostumadas a
ver africanas pobres que eu quis ir para o outro extremo”, conta. “É claro que
as personagens vivem em restaurantes. Será que alguém se lembra do que era Gana nos anos 80?”
Série foi criticada por retratar
apenas o lado glamouroso de Gana, mas criadora defende realismo
Sua própria família fugiu do país
naquela época, após um golpe de Estado e graves crises de falta de alimentos.
Para ela, a série quer mostrar como Gana mudou profundamente desde então.
Antes de criar An African City,
Amarteifio trabalhou na área de comunicações do Banco Mundial depois de se
formar na Universidade Georgetown, em Washington.
Ela mesma bancou a primeira temporada
da série, tendo de voltar para a casa da mãe para economizar para o projeto.
Na sua avaliação, o seriado precisa ser
uma vitrine da cultura africana. “Quero que as personagens falem da [grife
ganense] Christie Brown, e não de uma marca europeia; ou comentando sobre as
músicas de Jayso e não de Jay-Z”, diz. “As pessoas mundo afora não sabem que há
tanta beleza e talento vindos da África.”
A série já registra mais de 1,8 milhões
de visitas no YouTube desde sua estreia, em 2014. Para Amarteifio, a resposta à
primeira temporada, com episódios de 10 minutos, superou suas expectativas.
As redes de TV notaram o sucesso: os
canais de TV a cabo africanos Ebony Life e Canal Afrique estão exibindo o
programa e financiaram parte da segunda temporada, que está prestes a estrear e
terá episódios mais longos.
Leia a matéria completa em: ‘Sex and the City africana’ retrata lado glamouroso do
continente - Geledés http://www.geledes.org.br/sex-and-the-city-africana-retrata-lado-glamouroso-do-continente/#ixzz3tyA0RNWg
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