Violência em
quatro estados teve aumento acima de 100% nos homicídios
Taxa do Rio Grande do Norte teve o maior aumento no
período 2006-2016
Por
Akemi Nitahara – Repórter da Agência
Brasil Rio de Janeiro
Resultados do Atlas 2018 divulgado hoje (5) com
base em dados oficiais do Ministério da Saúde, no intervalo de 2006 a 2016,
mostram que quatro estados tiveram aumento maior do que 100% na taxa de
homicídios por 100 mil habitantes. Rio Grande do Norte teve a maior variação,
indo de uma taxa de 14,9 em 2006 para 53,4 em 2016, um aumento de 256,9%.
Além dele, Sergipe saiu de 29,2 para 64,7 no mesmo
período, um crescimento de 121,1%, o que levou o estado à maior taxa de
homicídios do país. E Tocantins aumentou 119%, indo de uma taxa de 17,2 por 100
mil em 2006 para 37,6 em 2016. Alagoas é o segundo estado mais violento, com
taxa de 54,2.
De acordo com o estudo, o Rio de Janeiro interrompeu
em 2012 o ciclo de diminuição no número de homicídios (Fernando Frazão/Agência
Brasil)
Seis estados tiveram redução na taxa de homicídios
no período. Além de São Paulo, o Espírito Santo reduziu 37,2%, indo de 50,9 em
2006 para 32 em 2016; o Rio de Janeiro reduziu 23,4%; Mato Grosso do Sul
diminuiu 15,8%; Pernambuco reduziu a taxa em 10,2%; e o Paraná registrou queda
de 8,1% no período.
Enquanto o Rio de Janeiro interrompeu em 2012 um
ciclo de diminuição no número de homicídios, São Paulo persiste nessa queda
desde o ano 2000. Segundo o estudo, o final das Olimpíadas Rio 2016 marcou a
transição para o forte crescimento no índice, unido às crises econômica e
política no estado. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes no estado caiu
de 47,5 em 2006 para 29,4 em 2012 e saltou para 36,4 em 2016.
Os dados do Atlas da Violência 2018
foram coletados e analisados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Segundo a análise,
a taxa de homicídios no Brasil corresponde a 30 vezes a da Europa, e o país
ultrapassou o patamar de 62 mil homicídios por ano.
Monopólio do PCC
Os pesquisadores apontam que São Paulo obteve algum
sucesso em políticas de controle das armas de fogo; melhorias no sistema de
informações criminais e na organização policial; diminuição acentuada na
proporção de jovens na população e melhorias no mercado de trabalho.
O estudo levanta também a hipótese da “pax
monopolista do Primeiro Comando da Capital (PCC)”, com o tribunal da facção
criminosa controlando o uso da violência letal e gerando efeitos locais sobre a
diminuição de homicídios em algumas comunidades.
A taxa no estado de São Paulo caiu de 20,4 por 100
mil em 2006 para 10,9 em 2016, uma queda de 46,7%, desbancando Santa Catarina
como a taxa mais baixa no país. Os dois estados são as únicas unidades da
Federação com taxas abaixo de 20 por 100 mil. O estado do sul saiu de 11,2 em
2006 para 14,2 em 2016. O terceiro estado com a menor taxa é o Piauí, com 21,8.
O estudo aponta, ainda, a intervenção de governos
estaduais na melhoria dos índices, com o lançamento, em 2011, na Paraíba e no
Espírito Santo, dos programas Paraíba pela Paz e o Estado Presente, que fizeram
os dois estados saírem da 3ª e 2ª unidades da Federação mais violenta do país
para a 18º e 19º colocações em 2016, respectivamente.
Em números absolutos, a Bahia foi o estado com mais
assassinatos no país em 2016, com um total de 7.171 mortes, seguida de Rio de
Janeiro, com 6.053 e São Paulo, com 4.870 homicídios. Os estados com menos
homicídios foram Roraima, com 204 pessoas mortas, o Acre teve 363 assassinatos
e o Amapá registrou em 2016 381 mortes violentas intencionais.
Panorama global
O estudo fez um panorama global dos homicídios, com
base em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização das Nações
Unidas (ONU) entre os anos 2000 e 2013. A taxa global oscila entre 6 e 9
assassinatos por 100 mil habitantes no período analisado, enquanto nas Américas
sobe para 15 e na Europa, Oceania e na Ásia a taxa fica sempre abaixo de 2 por
100 mil.
A pior região em termos de violência é a América
Central, com Honduras chegando a 85 e El Salvador. Guatemala e Belize estão na
faixa de 40 homicídios por 100 mil habitantes. Na América do Sul, a Venezuela
aparece nos dados da ONU com 54 homicídios por 100 mil habitantes em 2012.
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Edição: Davi Oliveira
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