Governo
obtém vitória contra Cunha em eleição do PMDB
Leonardo Picciani, deputado
contrário ao impeachment e pró-Dilma, é reeleito para a liderança do PMDB na
Câmara dos Deputados. Cunha perde influência e poder de articulação em formação
de comissões.
Após algumas semanas de
tranquilidade, a presidente Dilma Rousseff e o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), voltaram a medir forças nesta quarta-feira (17/02). Em disputa
estava o comando pela liderança do PMDB na Câmara.
O partido tem a maior bancada da
Casa, com 69 deputados. Cunha e Dilma apoiaram candidatos diferentes, e o
resultado era visto como um termômetro para medir em que ponto está o prestígio
ou o desgaste de ambos na Casa. No final, o deputado fluminense Leonardo
Picciani venceu a disputa, em votação secreta, por 37 votos contra 30, o que
significou uma vitória para Dilma e uma derrota para Cunha.
A reeleição de Picciani indica o
que o governo deve esperar da Câmara e de uma parte do PMDB neste ano. O
deputado fluminense é um fiel aliado do Planalto, e no ano passado atuou como
um dos principais aliados do governo na costura política que tentava barrar o
processo de impeachment de Dilma.
Picciani também é favorável à
volta da CPMF e às medidas do ajuste fiscal, além de ser um desafeto de Cunha,
que no ano passado chegou a articular a sua derrubada do cargo de líder.
Nesta eleição, Cunha articulou a
candidatura do deputado paraibano Hugo Motta, que figura entre seus aliados e
protegidos. Uma vitória de Motta indicaria mais um ano imprevisível na bancada
do partido na Câmara e demonstraria que Cunha ainda têm muita força para
avançar com o impeachment e barrar projetos do Planalto.
Na Câmara, o líder da bancada é o
responsável por conversar diretamente com todos os deputados do partido e orientar
seus votos. Também cabe a ele definir quais membros da sigla vão compor as
comissões da Casa e algumas das presidências.
Neste caso, Cunha e Dilma
disputavam ter ao seu lado alguém que iria se tornar responsável tanto por
indicar o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) como os oito
membros do PMDB que vão fazer parte da comissão que vai analisar o impeachment
de Dilma. Com a responsabilidade nas mãos de um aliado, o Planalto ganha mais
fôlego.
Com a derrota de Motta se esgotam
as opções para que Cunha influencie decisivamente a formação da comissão. No
ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) já havia anulado a formação de
uma chapa avulsa, articulada por Cunha com membros do PMDB contrários a Dilma e
que pretendia incluir na comissão um número grande de desafetos do Planalto. A
única opção que restava a Cunha era tentar colocar alguém de confiança na
liderança para articular as escolhas.
A derrota também significa que
Cunha terá menos poder de articulação na escolha do novo presidente da CCJ, a
comissão que pode alterar algumas das decisões do Conselho de Ética da Câmara,
que atualmente está analisando um processo de cassação do presidente da Câmara.
Hoje a CCJ é presidida por Arthur
Lira (PP-AL), um aliado de Cunha. Além do processo de cassação, Cunha também é
alvo de um pedido de afastamento no STF, que deve ser analisado nas próximas
semanas.
Durante a disputa, Cunha se
empenhou pessoalmente para angariar votos para Mota. O Planalto também jogou
com força. Para garantir a vitória, Picciani contou com a volta à Câmara de
cinco deputados suplentes mais três titulares licenciados.
Dilma chegou a exonerar
temporariamente o ministro da Saúde, Marcelo Castro, para que ele reassumisse
seu mandato como deputado federal e votasse em Picciani, tudo isso em meio à
crise envolvendo o vírus zika.
Nenhum comentário:
Postar um comentário