sábado, 26 de dezembro de 2015

A covardia do Brasil.

Olimpíadas se aproximam e remoções continuam

Publicado há 3 dias - em 23 de dezembro de 2015 » Atualizado às 9:08 
Categoria » Direitos Humanos








A pouco meses das Olimpíadas, as remoções aparecem entre as principais violações de direitos ocorridas no Rio de Janeiro. Somente durante a gestão do prefeito Eduardo Paes (PMDB) entre 2009 e 2013, cerca de 70 mil pessoas tiveram que deixar suas casas. Entre os motivos: especulação imobiliária. De acordo com Mariana Werneck, pesquisadora do Observatório das Metrópoles e integrante do Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas, a última versão do Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Rio de Janeiro mostra claramente que as remoções continuam da forma que sempre foram, violentas e com desrespeito dos direitos dos moradores das comunidades

No Rio, Jogos Olímpicos se aproximam e remoções continuam

A pouco meses das Olimpíadas, as remoções aparecem entre as principais violações de direitos ocorridas no Rio de Janeiro. Somente durante a gestão do prefeito Eduardo Paes (PMDB) entre 2009 e 2013,cerca de 70 mil pessoas tiveram que deixar suas casas. Entre os motivos: especulação imobiliária.

De acordo com Mariana Werneck, pesquisadora do Observatório das Metrópoles e integrante do Comitê Popular Rio Copa e Olimpíadas, a última versão do Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Rio de Janeiro mostra claramente que as remoções continuam da forma que sempre foram, violentas e com desrespeito dos direitos dos moradores das comunidades.

Para ela o grande exemplo é a Vila Autódromo. Os moradores sofrem com a pressão das obras, que causam diversos transtornos como muita poeira, caminhões e máquinas que estouram canos de água, caminhões de lixo que não passam e frequente queda de energia elétrica. Além disso, a Guarda Municipal costuma criar um cordão de isolamento para impedir a entrada de material de construção pelos moradores.

Mariana lembra que a Vila Autódromo é um caso icônico, porém não é o único. Em Vila União de Curicica as remoções estão a todo vapor com as obras da Transolímpica.
Segundo a pesquisadora, a situação é preocupante pois não há garantia de que outros processos de remoção que estão parados atualmente não sejam retomados. Ou pelo próprio Eduardo Paes em 2016, ou até mesmo pela próxima gestão da cidade.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Demais, lindo, real!

‘Sex and the City africana’ retrata lado glamouroso do continente

Publicado há 13 horas - em 10 de dezembro de 2015 » Atualizado às 9:33 
Categoria » Variedades





Personagens são jovens bem-sucedidas criadas no exterior que voltam para trabalhar em Gana

A câmera passeia por um sofisticado restaurante, no qual um grupo de amigas bonitas e bem vestidas bebem coquetéis e conversam sobre namorados e sexo. A cena parece tirada do famoso seriado Sex and the City, não é? Mas essas mulheres, na verdade, brincam sobre a dificuldade de encontrar vibradores na África.

Por Yepoka Yeebo, do BBC
A série An African City conta, com glamour, a vida de NanaYaa (vivida pela atriz MaameYaa Boafo), uma jornalista ganense recém-chegada de Nova York, e suas quatro melhores amigas.

A polêmica combinação de sexo, luxo e duras verdades sobre a vida na África já está chamando a atenção em todo o mundo.

“É a história de cinco africanas criadas no exterior que voltam para o continente em busca de romance”, conta Nicole Amarteifio, criadora da série, disponível no YouTube.

“Um dia estava assistindo a uma reprise de Sex and the City e fiquei pensando como seria ter uma versão africana daquilo.”
Retrato de uma África emergente
Amarteifio, que nasceu em Gana e cresceu nos Estados Unidos, revela ter tido de pesquisar muito para conseguir escrever sobre pessoas que ela normalmente não vê na TV. Pessoas como ela: mulheres africanas jovens, com alto grau de instrução e que têm duas ou três nacionalidades.

As outras personagens do programa são Sade, recém-formada em administração em Harvard; Ngozi, uma assistente humanitária; Makena, advogada educada em Oxford; e a empresária Zainab. Elas fazem parte de um grupo conhecido como “retornados”, que voltou para a capital de Gana, Acra, depois de ter crescido no exterior.

A estrela da série é a atriz MaameYaa Boafo, filha de ganenses que vive em Nova York

Os episódios abordam alguns dos aspectos frustrantes de se viver em uma cidade de um país em desenvolvimento: as ruas são esburacadas, há constantes blecautes e as redes de telefonia celular vivem caindo.

Mas também falam de assuntos mais espinhosos: Makena é assediada durante uma entrevista de emprego, enquanto NanaYaa faz uma incursão pelo inflacionado mercado imobiliário de Acra e começa a pensar na hipótese de seu namorado, um homem mais velho, comprar para ela um apartamento, como fez o “sugar daddy” de Sade.

“Se há um grande acerto neste programa é o fato de mostrar mulheres exercendo sua sexualidade e seu desejo de serem mais poderosas sexualmente”, afirma Rita Nketiah, que está defendendo uma tese de doutorado sobre migração de retorno na Universidade York, em Toronto, no Canadá.
Na mira de redes de TV
Mas o seriado também é fortemente criticado por se concentrar em mulheres ricas, enquanto as ganenses comuns enfrentam desafios mais básicos. O programa se passa em apartamentos caros, bares da moda e restaurantes sofisticados – lugares que a maioria da população de Acra não pode pagar.

“Apesar de a série só mostrar um lado de Gana, as personagens são bem reais”, diz Nketiah. “Eu acho que elas são frescas e metidas, mas é uma frescura que existe de verdade. Conheço pessoas que fazem e falam aquelas coisas e que estão profundamente inseridas no sistema de classes do país.”

Amarteifio, criadora do programa, defende sua escolha por profissionais bem-sucedidas. “Estamos tão acostumadas a ver africanas pobres que eu quis ir para o outro extremo”, conta. “É claro que as personagens vivem em restaurantes. Será que alguém se lembra do que era Gana nos anos 80?”

Série foi criticada por retratar apenas o lado glamouroso de Gana, mas criadora defende realismo

Sua própria família fugiu do país naquela época, após um golpe de Estado e graves crises de falta de alimentos. Para ela, a série quer mostrar como Gana mudou profundamente desde então.

Antes de criar An African City, Amarteifio trabalhou na área de comunicações do Banco Mundial depois de se formar na Universidade Georgetown, em Washington.
Ela mesma bancou a primeira temporada da série, tendo de voltar para a casa da mãe para economizar para o projeto.

Na sua avaliação, o seriado precisa ser uma vitrine da cultura africana. “Quero que as personagens falem da [grife ganense] Christie Brown, e não de uma marca europeia; ou comentando sobre as músicas de Jayso e não de Jay-Z”, diz. “As pessoas mundo afora não sabem que há tanta beleza e talento vindos da África.”

A série já registra mais de 1,8 milhões de visitas no YouTube desde sua estreia, em 2014. Para Amarteifio, a resposta à primeira temporada, com episódios de 10 minutos, superou suas expectativas.

As redes de TV notaram o sucesso: os canais de TV a cabo africanos Ebony Life e Canal Afrique estão exibindo o programa e financiaram parte da segunda temporada, que está prestes a estrear e terá episódios mais longos.

sábado, 14 de novembro de 2015

África, terra dos meus pais.

Como o Parlamento de Ruanda se tornou o mais feminino do mundo

Publicado há 4 dias - em 11 de novembro de 2015 » Atualizado às 9:14 
Categoria » África e sua diáspora · Questões de Gênero



WITH STORY RWANDA GENOCIDE POLITICS - In this photo of Monday, May, 17 , 2010, Rwandan President Paul Kagame, centre, takes part in a group photo at a conference on the role of women at the nation's parliament, Rwandan officials say the country's parliament has a higher percentage of women than any other parliament in the world. More than 50 percent of the parliament's lower house are women. (AP Photo/ Jason Straziuso).




Qual o paí­s com maior número de mulheres no Parlamento? 
Nada de Noruega, Finlândia ou Dinamarca. Esse (lindo) recorde pertence a Ruanda, um país africano de pouco mais de 11 milhões de habitantes e que traz na história recente terríveis marcas de um genocídio, ocorrido há pouco mais de 20 anos.
por Gabriela Bazzo no Brasil Post



“É num contexto extremamente adverso que as mulheres lutam para se manter vivas e, na maioria das vezes, têm de se reconstituir a partir de violações de direitos, inclusive num novo país onde começam suas vidas com escassez de recursos sociais e econômicos”, conta Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres, em entrevista ao HuffPost Brasil.
De acordo com o The Guardian, durante o genocídio, em 1994, entre 250 mil e 500 mil mulheres foram estupradas.

Após esse trauma, as ruandesas vêm unindo forças em prol de seus direitos e de sua liberdade. E o resultado enche o mundo de esperança:
§  taxa de natalidade do país está em queda;
§  Os direitos das mulheres foram incluídos na Constituição de Ruanda;
§  E a cereja do bolo: o país ostenta o título de possuir o Parlamento mais feminino do planeta: 63,8% da câmara baixa de Ruanda é composta por mulheres. Já no Senado, elas ocupam quase 40% das vagas.
Segundo Nadine, “a participação das mulheres na política de Ruanda é um caso concreto de que é possível elas ocuparem os postos de decisão e fazerem a diferença positiva na política nacional”.
No segundo lugar da lista, está a Bolívia, com 53% dos assentos. Logo atrás, vêm Andorra, com 50%, e Cuba, com 49%.

Os primeiros países da lista implementaram cotas para mulheres no Parlamento: em Ruanda, por exemplo, a Constituição de 2003 instituiu vagas para mulheres, além de 30% de cotas no serviço público e igualdade de gênero na educação e na compra de terras.

Desconsiderando ações afirmativas, o primeiro lugar ficaria com a Suécia, que tem 44% dos assentos ocupados por mulheres.

No mundo todo, de acordo com a ONU Mulheres, há 37 países onde as mulheres ocupam menos de 10% dos assentos parlamentares.

A situação é pior em Palau, na Micronésia, Tonga, Vanuatu, no Qatar e no Iêmen, com ZERO mulheres atuando como parlamentares.

Segundo dados de setembro deste ano, o Brasil ocupa o número 118 na lista, com 9,9% de participação feminina na Câmara e 16% no Senado.

De acordo com a ONU Mulheres, uma maior representação feminina no Estado faz, sim, muita diferença.

Pesquisas em conselhos locais indianos comprovam que o número de projetos envolvendo água potável em áreas com conselhos liderados por mulheres era 62% maior do que em locais onde os homens estavam no comando. Já na Noruega, pesquisas encontraram uma relação direta entre a presença de mulheres nos conselhos municipais e a criação de creches.

O Banco Mundial afirma que, em termos globais, as mulheres ocupam cerca de 20% dos assentos parlamentares.

E como Ruanda se tornou a número 1? 
Uma série de mecanismos legais, como o estabelecimento de cotas para mulheres no Parlamento (e em todos os órgãos tomadores de decisão) e a criação de conselhos locais exclusivamente femininos, foi fundamental para que, no ano passado, as mulheres atingissem uma fatia superior a 60% do Parlamento do país.

Além disso, o genocídio também mudou o papel das mulheres na sociedade de Ruanda: dois anos depois das mortes, cerca de 70% da população adulta do país era composta por mulheres.

Nesse contexto, elas assumiram papéis de liderança, tanto em termos econômicos quanto sociais.

A diretora-executiva da Aliança Internacional Heartland, Elizabeth Powley, trabalha com a proteção e promoção de direitos de populações extremamente vulneráveis no mundo.

Ela relatou em um estudo de caso a crescente participação feminina na política ruandesa:
“O genocídio [em Ruanda] forçou as mulheres a pensarem nelas mesmas de forma diferente e, em muitos casos, a desenvolver habilidades que elas não teriam adquirido em outra situação.”

Até o genocídio, que vitimou 800 mil pessoas (um décimo da população), em 1994, as mulheres nunca haviam ocupado mais de 18% dos assentos no Parlamento.

Após as mortes, milhares delas ficaram viúvas e tiveram que criar seus filhos sozinhas, sem nenhuma presença masculina.

Muitos desses homens, criados pelas mães viúvas, violentadas ou soropositivas (infectadas em estupros), ocupam hoje importantes cargos políticos e lutam por uma sociedade mais inclusiva.

Nadine Gasman, da ONU Mulheres, explica o processo de mudança em Ruanda:
“A área de educação incorporou a igualdade de gênero nas suas matrizes de formação. Houve aumento no acesso da população à saúde e queda significativa da mortalidade infantil. As mulheres estão mais presentes no serviço público e também passaram a ser titulares de terras. Em amplos setores, as mulheres alargaram a sua participação, conquistando voz e poder de decisão que colaboraram para o país se reconstituir num dos casos mais trágicos de guerra no mundo.”

O papel dos conselhos femininos
Segundo Swanee Hunt, fundadora e diretora do Instituto for Inclusive Security, a criação de conselhos locais femininos foi imprescindível para aumentar a participação política feminina e para dar voz às mulheres em uma sociedade bastante patriarcal. “Havia milhares deles, mesmo nesse pequeno paí­s”, contou ela ao Daily Beast.

Os conselhos femininos foram criados após o genocídio. Até então, as mulheres praticamente não tinham participação na vida política em âmbito local. Essas instituições funcionam de forma paralela aos conselhos locais e se encarregam de assuntos como educação, saúde e segurança pessoal, segundo a Foreign Affairs.

“As mulheres foram muito estratégicas. Afinal, esses conselhos, que empoderaram as mulheres para falar e lutar pelos seus direitos, para liderar, foram criados em 1996. Mas as mulheres não estão confinadas aos conselhos femininos; elas também podem lutar pelo seu lugar nos conselhos locais, onde homens participam”, conta a embaixadora Fatuma Ndangiza, que aponta o empoderamento das mulheres como o empoderamento da sociedade.

A diretora do conselho feminino tem um assento reservado no conselho local, servindo como um “elo” entre os dois sistemas.

A questão de gênero também virou bandeira partidária e questão nacional. 
O RPF, partido da situação no país, compromete-se a aumentar a participação política feminina em Ruanda.

“O gênero agora é parte do nosso pensamento político. Nós admiramos todos aqueles que compõem nossa população, pois nosso país já viu o que significa excluir um grupo”, afirma John Mutamba, do Ministério de Desenvolvimento de Gênero e Mulheres de Ruanda.

Os avanços da sociedade ruandesa
Entre 1994 e 2003, período em que o país foi comandado por um governo de transição, a representação feminina no Parlamento — por indicação — chegou a 27,5%. Mas foi em 2003, nas primeiras eleições parlamentares, que as mulheres conquistaram quase 50% dos assentos.
“A questão não é o sexo. A questão é a igualdade de oportunidades, de direitos humanos e dos cidadãos, algo fundamental para qualquer cidadão”, afirmou a parlamentar ruandesa Connie Bwiza Sekemana ao Banco Mundial.

Em 2008, o país se tornou o primeiro do mundo a ter maioria feminina em um parlamento. Foi naquele mesmo ano, segundo a National Geographic, que foram adotadas leis que tornavam a violência doméstica ilegal e que previam punições severas para casos de estupro.

Em um artigo publicado na Foreign Affairs, Swanee Hunt cita mais alguns avanços do país: com uma economia aquecida, Ruanda se junta ao Mali no primeiro lugar entre as nações africanas no que se trata de progressos para alcançar as metas dos Objetivos do Milênio da ONU.
Além disso, a expectativa de vida no país aumentou dez anos na última década e um programa de educação compulsória fez que meninos e meninas tivessem a mesma presença nas escolas primárias e secundárias do país.

“O empoderamento efetivo das mulheres e a capacidade delas de gerar benefícios para a comunidade foram medidas decisivas para promover a reconstrução do país, o que propiciou mudanças de rumo na gestão política, econômica e social por meio da valorização da colaboração das mulheres para a nação”, ressalta Nadine Gasman, da ONU Mulheres.

Para a especialista, Ruanda é um exemplo mundial de que as mulheres são determinantes nos processos de construção da paz.

As dificuldades de hoje
Se a constituição de Ruanda é, por um lado, progressista em termos de direitos das mulheres, há muito o que avançar em áreas como a liberdade de discurso e o respeito às minorias étnicas, segundo Elizabeth Powley.

A pesquisadora também relata preconceito e inexperiência de algumas parlamentares, que acabam precisando “provar” sua competência como líderes.

“Há também uma óbvia diferença de status entre as mulheres que conquistaram seus assentos em competição aberta com os homens e entre aquelas que estão no Parlamento por causa das cotas”, conta.

Mesmo diante de uma melhora, as mulheres do país ainda saem perdendo dos homens em termos de educação, direitos legais, acesso à saúde a outros recursos.

Outro aspecto que preocupa no país são os índices de violência doméstica, que ainda é algo “aceito” pela sociedade. Uma frase comum no país é “niko zubakwa” ou “é assim que os casamentos são construídos”.

Os índices de violência contra a mulher em Ruanda ainda são bastante altos: em uma pesquisa de 2010, 40% das mulheres afirmaram que haviam sofrido violência física pelo menos uma vez desde os 15 anos. Além disso, um relatório de 2011 mostrou que 57% das entrevistadas já foram agredidas pelo parceiro e 32% estupradas pelos maridos.

Os conselhos femininos sofrem com a ausência de recursos, segundo Elizabeth Powley. Por isso, eles são menos eficazes do que poderiam ser, tendo em visto que suas integrantes são voluntárias e têm que conciliar os afazeres políticos com outros papéis sociais.
Será preciso ainda mais esforço para levar a Ruanda do Parlamento para as ruas e para todas as mulheres do país.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Movimento para geração de renda e auto estima



Projeto aumenta renda de mulheres negras de comunidades do Rio.

Agencia Brasil
Publicado há 1 dia - em 11 de outubro de 2015 » Atualizado às 9:38
Categoria » Mercado de Trabalho - Portal Geledes













Elas costuram, cozinham, dão oficinas e participam de eventos onde vendem seus produtos, ensinam a amarrar turbantes e falam sobre identidade cultural. Essas são algumas das atividades do projeto Nêga Rosa, desenvolvido em sete territórios do Rio de Janeiro e que atende diretamente a 240 mulheres nas comunidades da Mangueira, Barreira do Vasco, Chatuba de Mesquita, Arará, Jacarezinho, Manguinhos e Tuiuti.





Por Akemi Nitahara Do Agencia Brasil
De acordo com a coordenadora do projeto, Érica Portilho, trabalhando o empoderamento feminino por meio do empreendedorismo e da valorização da identidade, mulheres negras em situação de vulnerabilidade social, ex-presas, mães solteiras e portadoras de necessidades especiais conseguiram passar de uma renda mensal per capita de R$ 450 para R$ 1.500.

Para participar do projeto, as interessadas têm de preencher uma ficha. “A partir disso nós fazemos uma seleção. As outras ficam em um banco de espera. Mas, como nós temos várias atividades abertas, elas também acabam participando e, se houver alguma desistência, elas vão sendo encaixadas e a gente vai conseguindo parcerias em outros territórios”, destaca a coordenadora.

 Érica Portilho conta que as participantes do projeto atuam como multiplicadoras do que aprendemTomaz Silva/Agência Brasil

Érica explica que a ideia é disseminar o máximo possível o conhecimento passado pelo projeto, que já recebeu prêmio da Fundação Banco do Brasil, do Favela Criativa. “Se a gente conseguiu desenvolver uma tecnologia social que foi reconhecida por uma fundação tão importante, a gente acha que ela deve ser disseminada. A gente vai ao território, faz uma prática de uma semana, 20 horas, e aí aquelas mulheres estão prontas para ensinar e multiplicar para outras mulheres.”

Andrea Soares costura, promove oficina de turbante e também participa da coordenação do Nêga Rosa. Para ela, um dos pontos mais importantes do projeto é o resgate da autoestima da mulher negra da comunidade. “Fazer o resgate da sua cidadania, porque hoje a gente tem dentro da escola o programa do estudo da cultura de uma outra etnia, mas isso não é contemplado, então com isso as crianças da comunidade ficam sem identificação. Então a ideia é trazer essa identificação para as mais velhas para que elas também possam replicar com os seus filhos.”
 Vanice Carrera viu no projeto uma oportunidade de fazer compotas para venderTomaz Silva/Agência Brasil

Uma das participantes do projeto, Vanice Carrera, que costura e cozinha, conta que o Nêga Rosa deu força e motivação para ajudar a superar o câncer que enfrenta há mais de dois anos. “Eu tive um problema de saúde e fiquei muito parada. E isso para mim caiu como uma luva, eu não consigo ficar parada, tem um caldo pra fazer, tem uma compota, um doce para entregar, umas costuras. Para mim tá sendo muito bom, passar para as outras pessoas o que eu aprendi. Estou levando, faço quimioterapia. Isso aqui é o que está me mantendo, é muito bom não parar, [é bom] saber que, mesmo com problema, você continua com forças, está sendo útil, produzindo.”

Érica ressalta que os espaços de trabalho montados pelo projeto, com cozinha e máquinas de costura, também podem ser utilizados pelas mulheres para produzir e fornecer para clientes independentemente do Nêga Rosa. Na Mangueira, por exemplo, onde o trabalho começou há um ano, são feitas faixas de cabelo e chapéus para a loja de souvenir da escola de samba da comunidade.

Segundo a coordenadora, o projeto também está em busca de parcerias na área de comércio eletrônico e em novembro começa a trabalhar com meninas de 12 a 18 anos que cumprem medida socioeducativa no Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase). No dia 31 de outubro, o projeto Nêga Rosa vai ser anfitrião de uma feira na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) durante a Conferência de Juventude, na qual estarão presentes 30 empreendedores do estado do Rio de Janeiro.

Outro trabalho está sendo feito para o Comitê Olímpico Rio 2016. O Nêga Rosa venceu um edital de estamparia e vai fornecer 5 mil almofadas para o alojamento dos atletas. “Foram quatro projetos vencedores. A nossa estampa é uma samambaia do mangue, uma planta da flora brasileira. Atrás da almofada, vem contando a história do projeto, em português e inglês e vai ser uma almofada para os atletas levarem para o mundo inteiro”, destaca Érica.