quinta-feira, 17 de março de 2016

Resistencia LULA



Salvador tem vigília em apoio ao governo e protesto contra nomeação de Lula

  • 17/03/2016 21h26
  • Salvador
Sayonara Moreno – Correspondente da Agência Brasil
 A vigília em apoio ao governo foi em frente à reitoria da Universidade Federal da Bahia      Reitoria/UFBA

Professores, estudantes, representantes de centrais sindicais e entidades que apoiam o governo partlciparam, há pouco, de uma vigília em frente à sede da reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA), no bairro do Canela, em Salvador.

O ato foi convocado pela Frente Brasil Popular da Bahia (FBP), “em defesa da democracia”, no país. Além da FBP, participam a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e outras entidades.

“A vigília é contra o golpe, porque consideramos essa tentativa de criminalizar a maior liderança da América Latina, que é Lula, e a tentativa de impor o impeachment da Dilma, que não tem precedentes criminais para isso, uma iminente tentativa de golpe, clara e evidente. Nosso objetivo é mostrar que estudantes, professores, técnicos administrativos e movimentos sociais dizem não ao golpe e vão lutar pelo aprofundamento da democracia”, disse o diretor de Combate ao Racismo da UNE, Rodger Richer.

Os manifestantes seguravam faixas e cartazes com frases de apoio a Dilma e entoavam palavras de ordem como “Não vai ter golpe” e “Lula, guerreiro do povo brasileiro”. A Polícia Militar da Bahia não deu informações sobre o número de pessoas que participaram da vigília, que acabou por volta das 20h.

De acordo com os estudantes, a vigília na reitoria da universidade é uma forma de se preparar para o que chamaram de "grande passeata em defesa da democracia”, convocada para amanhã (18), em várias partes do país, pela Frente Brasil Popular. Na capital baiana, o ato está previsto para as 15h, no Campo Grande, centro da cidade.

Apoio a Moro
 No  Farol  da  Barra,  houve  protesto  contra  a nomeação  do  ex-presidente  Lula  para a chefia da Casa Civil da Presidência Foto: Éverton Santos

No Farol da Barra, reuniram-se manifestantes contrários ao governo e à nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a chefia da Casa Civil da Presidência da República.

Eles levam faixas e cartazes de apoio ao juiz Sérgio Moro, responsável pelos inquéritos da Operação Lava Jato em primeira instância.

O ato começou, no fim da tarde, em frente à Superintendência estadual da Polícia Federal (PF), no bairro Água de Meninos. No local, alguns delegados da PF saíram do edifício para cumprimentar os manifestantes que cantaram o Hino Nacional e, de lá, seguiram para o Farol da Barra, onde ainda protestam.

Segundo a Polícia Militar, cerca de 200 pessoas estiveram no protesto, que começa a se dispersar.
Edição: Nádia Franco

sexta-feira, 11 de março de 2016

A doença se espalha



Microcefalia é apenas ponta do iceberg de anomalias associadas ao zika, diz OMS
Redação | São Paulo - 10/03/2016 - 11h09
Entidade diz também que transmissão via sexo é mais comum do que se pensava e recomenda que, em caso de gravidez, casais usem camisinha




Dados de pesquisas mais recentes sobre o vírus zika apontam que a "microcefalia é apenas uma das várias anomalias associadas à infecção durante a gravidez", afirmou a diretora da OMS (Organização Mundial da Saúde), Margaret Chan, nesta terça-feira (08/03).

A entidade afirmou também que a transmissão por meio de relações sexuais é mais comum do que se imaginava. Por isso, a OMS recomenda que em caso de gravidez, os casais adotem o uso de preservativos durante o sexo.

EFE
Vírus zika já foi registrado em 41 países e transmitido no interior de 31

Chan pontuou que as autoridades de cada país não devem aguardar a confirmação científica para tomar medidas em prol da saúde pública. O vírus foi identificado em 41 países, sobretudo nas Américas. Brasil e Colômbia são os mais afetados.

Infecção
A chefe da OMS confirmou que o zika foi detectado no líquido amniótico e "evidências mostram que o vírus pode atravessar a placenta e infectar o feto". O vírus já foi detectado no sangue, no tecido cerebral e no fluído cérebro espinhal de fetos após abortos (naturais ou não) ou em natimortos.
 

Há casos que incluem morte do feto, insuficiência placentária, retardo no crescimento do feto e danos ao sistema nervoso central. Até agora, apenas Brasil e Polinésia Francesa documentaram casos de microcefalia, mas a Colômbia está sob forte vigilância.

Segundo Chan, desde que o Comitê de Emergência foi criado, várias pesquisas reforçaram a "associação entre a infecção de zika e a ocorrência de má formação fetal e de desordens neurológicas".

"Em uma grávida que teve sintomas de zika com 18 semanas, o bebê tinha catarata em um dos olhos, um olho menor que o outro, além de cérebro e cerebelo quase inexistentes", apontou a médica Adriana Melo, da Paraíba, um dos Estados brasileiros com maior número de crianças afetadas, em entrevista ao UOL.

Casos de bebês com sobreposição de dedos, braços e pernas curvadas e até com um braço maior que o outro foram apresentados durante um seminário sobre zika no Recife, que reuniu profissionais de vários Estados do Brasil para compartilharem experiências.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Personalidade



A filha de ex-escrava que virou deputada e inspira o movimento negro no Brasil

Publicado há 3 dias - em 29 de fevereiro de 2016 » Atualizado às 9:17
Categoria » Mulher Negra

 
Uma catarinense filha de uma escrava liberta começa aos poucos a ser “redescoberta” nacionalmente como ícone do movimento de mulheres negras. Antonieta de Barros foi a primeira parlamentar negra brasileira, eleita em 1934.

por Fernanda da Escóssia no BBC
Educadora, jornalista e política, Antonieta junta em sua trajetória, na primeira metade do século 20, três bandeiras caras ao Brasil do século 21: educação para todos, valorização da cultura negra e emancipação feminina.

A história de Antonieta inspira movimentos negros e de mulheres em Santa Catarina, onde nasceu, mas aos poucos chega a outros cantos do país.

O documentário Antonieta, da cineasta paulista Flávia Person, lançado no fim de 2015 em Florianópolis, tem previstas várias exibições em março, quando se comemora o mês da mulher. E leva o nome de Antonieta de Barros o prêmio nacional para jovens comunicadores negros criado pela Secretaria da Igualdade Racial do governo federal.

Nascida em 11 de julho de 1901, Antonieta foi a primeira mulher a integrar a Assembleia Legislativa de Santa Catarina e é reconhecida como a primeira negra brasileira a assumir um mandato popular.

Sua mãe, escrava liberta, trabalhou como doméstica na casa do político Vidal Ramos, pai de Nereu Ramos, que viria a ser vice-presidente do Senado e chegou a assumir por dois meses a Presidência da República.

Por intermédio dos Ramos, Antonieta entrou na política e foi eleita para a Assembleia catarinense em 1934, dois anos depois de o voto feminino ser permitido no país – acontecimento que acaba de completar 84 anos.

 Antonieta (3ª pessoa sentada, da esq. para a dir.) com os colegas deputados na posse, em 1935

Antes da política, a educação foi sua grande bandeira.

Graças ao esforço da mãe, ela e a irmã, Leonor, concluíram o que então era conhecido como “curso normal”, que formava professoras.

Antonieta se formou em 1921 e, no ano seguinte, fundou o Curso Particular Antonieta de Barros, voltado para alfabetização da população carente e dirigido por ela até sua morte, em 1952.

Ela foi professora de Português e Literatura, e diretora do atual Instituto de Educação.
Criou, ainda, o jornal A Semana e dirigiu o periódico Vida Ilhoa, em Florianópolis. Também assinava crônicas com o nome de Maria da Ilha.

Nunca se casou.

Referência

“Quando vim morar em Florianópolis, tinha uma imagem do Sul como uma região branca, que valorizava as influências italiana, alemã e açoriana. Mas descobri essa mulher negra incrível e quis contar a história dela”, diz a cineasta Flávia Person.

Ela foi aos poucos descobrindo quem era a mulher cujo nome aparecia em vários pontos da capital catarinense, de um túnel a uma escola estadual.

Antonieta, o filme, foi selecionado num edital do governo catarinense e ganhou um financiamento de R$ 60 mil.

É todo feito com imagens que Flávia localizou em acervos variados, como os da Casa da Memória de Florianópolis e do Museu da Escola Catarinense, além do baú de fotos da família, cedidas pelo sobrinho-neto de Antonieta, Diógenes de Oliveira.

 Acervo familiar Leonor e Antonieta (de pé, ao centro) estudaram graças aos esforços da mãe, ex-escrava

O documentário conta a vida de Antonieta e algumas de suas batalhas. Numa delas, na Assembleia catarinense, um opositor acusou-a de estar fazendo “intriga de senzala” – ela respondeu assumindo sua condição de mulher e educadora negra.

Hoje o auditório da Assembleia leva seu nome, bem como uma comenda oferecida pela Câmara Municipal de Florianópolis.

A escola Antonieta de Barros está fechada desde 2007, segundo a Secretaria de Educação estadual, devido a problemas estruturais – o prédio é tombado pelo patrimônio histórico.

Segundo a pasta, há um projeto de restauração para transformá-lo em um espaço com biblioteca, local para exposições e salas de aula.

Invisibilidade histórica

“No Sul do Brasil, negros sempre tiveram situação de invisibilidade histórica, e personagens como Antonieta ajudam a reduzir essa invisibilidade”, afirma Alexandra Alencar, doutora em Antropologia pela Universidade Federal de Santa Catarina e criadora do projeto “Outras Antonietas”, voltado para professoras negras.

 Equipe Jornadas Antropolgicas UFSC 2015 Personagens como Antonieta dão visibilidade ao negro, diz Alexandra Alencar

A iniciativa, financiada graças a um edital da Fundação Palmares, órgão do governo federal, pesquisa experiências de professoras negras no estado, reúne trabalhos acadêmicos e debate a condição da mulher negra na educação.

“Professoras negras relatam vivências muito variadas. Muitas se sentem uma ilha dentro de sua escola. Outras contam que qualquer assunto entendido como ‘coisa de negro’ é encaminhado a elas, como se a história negra fosse um interesse pessoal delas, e não um tema que deveria ser tratado pela escola como um todo”, relata.

Fora de Santa Catarina, outros projetos e coletivos voltados para a cultura negra, como o Afreaka, de São Paulo, valorizam a figura de Antonieta de Barros.

“Antonieta foi protagonista em uma época em que as mulheres, ainda mais as mulheres negras, eram relegadas à total submissão e desempenhavam papel coadjuvante na sociedade”, afirma Gisele Falcari, professora de Literatura numa escola técnica de São Paulo e colaboradora do Afreaka.

Na avaliação dela, Antonieta rompeu os estereótipos ligados ao gênero, à etnia e à classe social, mas ainda não tem, assim como outras mulheres negras, o reconhecimento merecido – embora a professora admita que isso está mudando.

Reconhecimento

Desse esforço de resgate do nome de Antonieta de Barros faz parte o prêmio criado pela Secretaria da Igualdade Social e batizado em homenagem a ela, voltado para jovens comunicadores negros e negras.

O edital foi lançado no ano passado, mas, por problemas técnicos, acabou cancelado e será relançado este ano.

A secretaria federal afirma que Antonieta, além de ter sido a primeira mulher negra a assumir um mandado popular, teve ações de comunicação, educação e política importantes.

Há um texto sobre ela no livro Literatura e Afrodescendência no Brasil: Antologia Crítica, financiado pelo órgão.

 Antonieta de Barros com grupo de alunas; para ela, educação veio antes da política

Ao ver essas iniciativas Valdeonira Silva dos Anjos, de 80 anos, diz que se sente em um processo de reencontro com uma velha conhecida.

Professora negra aposentada, Valdeonira estudou na escola dirigida por Antonieta de Barros e graduou-se em História. Também foi uma das fundadoras do grupo que deu origem à Amab (Associação de Mulheres Negras Antonieta de Barros).

“Antonieta é um exemplo. Como mulher negra, foi pioneira em várias áreas e nunca se omitiu”, lembra.