terça-feira, 13 de novembro de 2018

Brasil não respeita direitos humanos


Comissão da OEA alerta sobre direitos humanos no Brasil
Publicado em 12/11/2018 - 15:59 e atualizado em 12/11/2018 - 16:32
Por Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro





Em relatório preliminar, divulgado hoje (12), no Rio de Janeiro, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) observa que o processo de fortalecimento institucional da área de direitos humanos no Brasil sofreu uma espécie de congelamento. Também alerta que problemas estruturais ainda persistem no país e precisam de solução.

"Apesar dos avanços, encontramos um país que não teve sucesso na abordagem de suas principais dívidas históricas com a cidadania: o problema estrutural de desigualdade e discriminações profundas, entre as quais se destacam a discriminação racial e social", diz o texto da CIDH.

O documento reúne análises preliminares da delegação da CIDH sobre sua recente visita ao Brasil e expressa "preocupação com a situação dos direitos humanos no Brasil e seu futuro". "A CIDH tristemente identificou uma redução da intensidade dessa dinâmica, com o congelamento do processo progressivo de fortalecimento institucional dos direitos humanos."

Segundo o relatório, são observados "retrocessos significativos na implementação de programas, políticas públicas e na garantia de pressupostos em áreas essenciais".

Referência
O texto lembra que há políticas adotadas no Brasil que são referência em direitos humanos, como a criação de uma secretaria específica para a área, o fortalecimento das defensorias públicas e o aumento de participação da sociedade civil na gestão pública, além de ações afirmativas como a Lei de Cotas.

Também foram elogiadas medidas mais recentes, como as audiências de custódia, a nova Lei de Imigração e a adoção da prisão domiciliar para gestantes, mães de filhos pequenos e de pessoas incapacitadas.

Urgência
O relatório menciona ainda medidas recentes de alteridade fiscal, apontando-as como um fator que "pode significar o fim de políticas sociais e a redução das expectativas de melhores condições de vida da grande maioria da população".

A comissão destaca entre temas apontados como urgentes o respeito aos direitos dos povos indígenas, quilombolas, trabalhadores do campo e da população de rua. O relatório inclui ainda questões relativas à população carcerária, ao respeito aos direitos da população transexual e LGBT, dos defensores dos direitos humanos, dos imigrantes e a garantia da liberdade de expressão da imprensa, da academia e organizações sociais.

Ao lembrar a luta contra a corrupção, o relatório da CIDH afirma que esta também é uma forma de violação dos direitos humanos e que a indignação com a corrupção deve se estender às demais violações de direitos. O texto cita ainda a prioridade para o meio ambiente e defende a manutenção do Estatuto da Criança e do Adolescente. A comissão manifesta-se contra a redução da maioridade penal e alerta sobre a violência contra líderes urbanos e rurais. A morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Pedro Andrade, em março deste ano no Rio de Janeiro, é lembrada como um crime que aguarda solução.

O relatório faz ainda referência à violência contra camponeses em Marabá, no Pará, à forma como vivem os moradores da Cracolândia, em São Paulo, e ao desastre ambiental de Mariana, em Minas Gerais, que completou três anos neste mês.

O texto foi alterado às 16h32 para esclarecimento de informação
Edição: Nádia Franco

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Brasil precisa falar mais


Ministro vê riscos para sistema de solução de controvérsias da OMC
Aloysio Nunes discutiu modernização do órgão em reunião no Canadá
Publicado em 25/10/2018 - 19:09
Por Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil Brasília




Ao participar hoje (25) da reunião ministerial do Grupo de Fortalecimento e Modernização da Organização Mundial de Comércio (OMC), em Ottawa, Canadá, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, alertou para os riscos de paralisação do mecanismo de solução de controvérsias do organismo multilateral. O Brasil foi um dos 12 países convidados pelo Canadá para discutir o futuro da organização.

Desde o ano passado, os Estados Unidos têm resistido a liberar a nomeação de novos juízes para o Órgão de Apelação da OMC, composto por sete membros. Atualmente, o tribunal tem apenas quatro juízes, o que acarreta atrasos na análise de disputas comerciais entre os países.

Segundo o Itamaraty, o chanceler reafirmou a posição brasileira de que é fundamental garantir o pleno funcionamento do instrumento responsável pela fiscalização e punição das violações de regras da OMC e que o órgão desempenha um papel fundamental para o cumprimento das normas do sistema multilateral de comércio.

“Lembrou que todos os países-membros eram usuários do mecanismo e que, por meio dele, haviam obtido a reversão de medidas irregulares aplicadas a suas exportações por outros países. Afirmou que o Brasil aceita discutir o aprimoramento do sistema, e que aguardava propostas concretas de melhoria do órgão pelos países-membros mais críticos ao sistema para poder discutir seu aperfeiçoamento”, diz a nota do ministério.

O diretor-geral da OMC, embaixador Roberto Azevêdo, informou recentemente que, em 2018, foi batido o recorde de número de disputas abertas na instituição - fruto das crescentes tensões comerciais no mundo. “Cerca de 30 novas disputas foram iniciadas apenas este ano. Esse já é o maior número de novos casos em 16 anos – e estamos ainda em outubro”, afirmou Azevêdo.

Brasil-Canadá
A ministra de Relações Exteriores do Canadá, Chrystia Freeland, e o chanceler Aloysio Nunes, se reuniram para o terceiro Diálogo de Parceria Estratégica entre os dois países em que analisaram temas da agenda bilateral e global, principalmente nas áreas de cooperação em defesa, mobilidade e assistência a refugiados e migrantes. Como parceiros na Organização dos Estados Americanos (OEA) e no Grupo de Lima, os dois ministros discutiram a crise na Venezuela, “em particular o impacto regional da recente migração externa em massa”.

“Comprometemo-nos a acelerar as negociações para um acordo de comércio livre, ambicioso e abrangente entre o Canadá e os países do Mercosul – Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai – e continuar a melhorar a colaboração para implementar o Acordo de Paris e continuar a coordenação bilateral na liderança até a Conferência sobre Mudança Climáticas de Katowice, Polônia, em dezembro”, disseram os ministros em declaração conjunta.
Saiba mais
Edição: Davi Oliveira

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Os povos se cuidando


Países vão aprovar pacto global para migração em cúpula no Marrocos
Publicado em 26/09/2018 - 07:45
Por Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil Brasília




Estados membros da Organização das Nações Unidas (ONU) vão se reunir nos dias 10 e 11 de dezembro em Marrakech, no Marrocos, para adotar o texto do Pacto Global para Migração Segura, Ordenada e Regular (em tradução livre). Na conferência intergovernamental, os países vão delinear as iniciativas para implementar o acordo internacional.

Segundo a ONU, o pacto global será o primeiro compromisso internacional concebido para que nações e comunidades lidem melhor com a migração no mundo e todas as suas dimensões em benefício de imigrantes e refugiados.

O documento compreende 23 objetivos para a melhor gestão do fenômeno migratório em níveis locais, regionais e global, e está baseado nos princípios da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável e nos compromissos firmados na Declaração de Nova York para Refugiados e Migrantes, adotada em setembro de 2016 na Assembleia Geral da ONU.

Road to Marrakech
Às margens da 73ª Assembleia Geral da ONU, a representante especial para a Migração Internacional, a canadense Louise Arbour, Bahrein, Brasil, Canadá, Alemanha, Indonésia, México, Filipinas, Ruanda, Turquia e Marrocos vão patrocinar nesta quarta-feira (26) o Road to Marrakech (Caminho para Marrakech), reunião preparatória para a cúpula marroquina.

Segundo a ONU, o evento paralelo de alto nível será uma oportunidade para que governos apresentem as iniciativas já postas em prática em relação a imigrantes e refugiados assim como os tipos de ações, parcerias e ideias inovadoras que vislumbram para implementar o Pacto Global nos próximos anos em âmbitos nacional e regional.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, e a presidente da 73ª Assembleia Geral, a equatoriana María Fernanda Espinosa Garcés, farão discursos na abertura do evento, que será coordenado pela representante especial para a Migração Internacional.

Brasil
Pelo Brasil, o chanceler Aloysio Nunes Ferreira vai discutir, no evento paralelo, os desafios da imigração em massa no mundo que serão abordados na cúpula intergovernamental. A imigração de venezuelanos para os países da América do Sul será um dos pontos a serem tratados.

“O copatrocínio do Brasil ao evento Road to Marrakesh é uma forma de manifestar apoio à adoção do Pacto Global sobre Migrações e à sua posterior implementação”, diz, em nota, o Ministério das Relações Exteriores.

Ao discursar ontem (25) na abertura da 73ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Michel Temer destacou que o diálogo e a solidariedade estão na origem do Pacto Global sobre Migração.

“Contam-se mais de 250 milhões de migrantes em todo o mundo. Trata-se de homens, mulheres e crianças que, ameaçados por crises que se prolongam, são levados a tomar a difícil e arriscada decisão de deixar seus países. É nosso dever protegê-los, e é esse o propósito do Pacto Global sobre Migração”, disse.
Edição: Kleber Sampaio